terça-feira, 10 de abril de 2012

Coletâneas de Memória

(*¹)A Persistência da Memória

“Todas as mágoas são suportáveis quando fazemos
delas uma história ou contamos uma história a seu respeito”
Isak Dinesen [*²]


"O narrador conta o que ele extrai da experiência - sua própria ou aquela contada por outros. E, de volta, ele a torna experiência daqueles que ouvem a sua história"
Walter Benjamin


"Na realidade, não há percepção que não esteja impregnada de lembranças"
Henri Bérgson

Neste ambiente, pretendemos reunir as coletâneas de narrativas de memória dos alunos do 3º Ensino Médio A e B, turno matutino, do Colégio Polivalente de Conceição do Coité,  construídas e refeitas ao longo da I unidade.  Cada um tem em si a capacidade de registar, armazenar e manipular informações, provenientes de interações entre o cérebro e o corpo ou todo o organismo e o mundo externo. Vale lembrar que o que aconteceu no passado é o mesmo que reviver o passado no presente. E isso vocês fizeram, quando lembraram de fatos que marcaram as vossas vidas. Portanto, sintam-se à vontade para utilizar este blog e publicar as suas memórias.


(*1)A Persistência da Memória (em espanholLa persistencia de la memoria; em catalãoLa persistència de la memòria) é uma pintura de 1931 de Salvador Dalí. A pintura está localizada na coleção do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque desde 1934. É amplamente reconhecida e frequentemente referenciada na cultura popular.

A flacidez dos relógios pendurados e a escorrer mostram as preocupações humanas: tempo e memória. O próprio Dalí apresenta-se na forma de cabeça adormecida que se pode observar em outros dos seus quadros.
Em sua auto-biografia, Dalí conta que levou duas horas para pintar grande parte da obra (do total de menos de cinco horas), enquanto esperava sua esposa, Gala, voltar de filme. Neste dia, o pintor se sentira cansado e com uma leve dor de cabeça, não indo ao teatro com sua esposa e amigos. Ao retornar do filme, Dalí mostrou a obra a sua esposa, vendo em sua face a "contração inequívoca de espanto e admiração". Ele então, a perguntou se ela achava que em três anos ela esqueceria aquela imagem, tendo como resposta que "ninguém poderia esquecê-lá uma vez vista".

*2Epígrafe usada por Hannah Arendt, no início do capítulo V, sobre o conceito de ação, do livro A Condição Humana (Arendt, 1997b: 188).

terça-feira, 3 de abril de 2012

Narradores de Javé - Um filme sobre Memória, História e Exclusão.


 Desespero, Sofrimento e Luta: palavras dramáticas recheadas de sutileza, ironia e momentos tragicômicos que desenham em uma "tela" a realidade brasileira em um único cenário: o Sertão Nordestino.
O filme, de Eliane Caffé, retrata a história de um povoado do Vale de Javé, situado no sertão baiano, que está prestes a ser inundado para a construção de uma enorme usina hidrelétrica. Diante dessa situação terrível, a comunidade se reúne para discutir diversas formas de como resolver o problema. De acordo com os moradores o ideal seria preparar um documento oficial, contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história, justificando sua preservação, ou seja, o importante é provar para "todos" que o local abriga um patrimônio que não pode ser perdido e, por causa disso, decidem escrever os feitos da história de Javé, na esperança de impedir o tal desastre.
Mas na vila só tem analfabetos, a primeira tarefa seria encontrar alguém que consiga retratar os acontecimentos. O principal candidato a realizar essa missão era o antigo responsável pela Agência de Correios do povoado – o famoso e odiado Antônio Biá , o único do vilarejo que sabe escrever. Ironicamente, ele havia sido expulso da cidade por inventar fofocas escritas sobre os moradores, isto é, forjava cartas falando mal dos vizinhos, só para aumentar a circulação das mesmas, que eram escassas no povoado e, consequentemente, manter em funcionamento a Agência de Correios onde trabalha. Porém, muito a contragosto, é escolhido para escrever o tal livro "científico", ou melhor, o da "salvação", como os moradores dizem. Escrever a história de Javé e salvá-la do afogamento é a sua oportunidade de se redimir diante da população.
Mas para isso, precisa colocar por escrito os fatos que só são contados de boca a boca, de pai para filho. Começa então, uma tragicomédia com pitadas de épico e infinitas margens de reflexão. Surge, desde então, uma problemática disputa entre a história oficial e a história oral, incluindo, desta forma, a presença da oralidade e escrita no filme, assim como as tradições e culturas.
Neste caminho, o escriba Antônio Biá, vai conhecendo a fundo as fantasias, as memórias e as lembranças do povo de Javé. Mas a escrita destas histórias, tão diferentes uma das outras, não estava fácil, pois as mesmas eram contadas em diferentes versões, variando de narrador a narrador. Surge então, uma pluralidade de fatos fantásticos e lendários. Por causa disso o escriba se vê entre essa impossibilidade de colocar no papel os relatos grandiosos dos moradores e, futuramente, o progresso destruidor e irremediável estava próximo de se concretizar.
Nas várias versões os heróis são alterados conforme os narradores / moradores, como se os mesmos contadores fossem os próprios heróis / fundadores de Javé. Uma multiplicidade de fatos incompatíveis que deixou o ex-carteiro confuso, intacto diante de tantas histórias épicas e, consequentemente, sem reação suficiente para produzir o livro salvador.
Diante dos relatos surreais e a necessidade de produzir algo convincente para salvar Javé da inundação, o letrado entrega um livro em branco para a população. Cobrado e acuado por todos no meio da rua, o mesmo sai aos berros andando de costas, um ato de muita coragem, dá a entender que seria um recuo e não uma fuga.
Além disso, é importante ressaltar que a história que não é escrita por Biá é narrado por Zaqueu, um homem que viveu boa parte de sua vida longe do Vale, pois ele era o único responsável por buscar mantimentos para a população. Portanto, isso pode nos indicar que sua versão também seria o fruto de uma série de outras versões.
Enfim, foi um trabalho em vão, o sertão acabou sendo destruído pela modernidade, pela hidrelétrica. A população assistiu aos prantos a transformação do sertão em mar e, com isso, junto com a destruição foi-se embora a memória, a cultura, o local e os antepassados. Uma triste história de um povo sem cultura perante a escrita, mas de uma imaginação fértil capaz de superar todos os obstáculos e dar a volta por cima para construir em conjunto a própria história que desapareceu como palavras ao vento.

O filme tem como tema principal a narração, tendo como alicerce as pluralidades orais das personagens. Mostra um Brasil de todos os brasileiros, dando voz as etnias, religiões e classes excluídas... e que todos nós somos narradores de uma história sem fim...

















 Fonte:http://thiago-opoderdaspalavras.blogspot.com.br/2009/05/resenha-sobre-o-filme-narradores-de.html

Atividade sobre o filme

Após assistir  ao filme atentando para o enredo, a trilha sonora as cores... Crie um texto e publique-o no blog. Fique atento às questões:

1) Qual o tema do filme? O que os realizadores do mesmo tentaram nos contar? Eles conseguiram passar a mensagem?
2) Do que você mais gostou nesse filme? Por quê?
3) Para os personagens do filme por que era importante resgatar a memória e escrever a História daquele vilarejo?
4) Como você considera a importância da memória para uma sociedade?
5) Que lição de vida podemos aprender com este filme?

Dia 15 de março, Dia da Escola