A SOLIDARIEDADE
José era mecânico. Qualquer coisa que
acontece nas máquinas, José conserta. Mas José seria incapaz de fazer um
vestido, ou mesmo cozinhar um almoço. Até a meia sola do sapato quem põe é o
sapateiro da esquina.
Outro dia, José conversava com o
sapateiro. Este lhe disse: “Graças a Deus a freguesia tem aumentado. Já sou um
homem independente”. Quando acabou de dizer isso, a máquina de costurar o couro
enguiçou. A agulha não saía do lugar. Bernardo, o sapateiro, ficou assustado. E
agora?
Sem aquela máquina, que seria dele? Ainda
bem que José estava ali. Virou, mexeu, torceu uns parafusos... e a máquina
funcionou!
Bernardo enxugou o suor e, virando para
José, disse: “Que sorte você estar aqui, José. Sem você eu estaria frito.”
José, sorriu e, só para implicar com o Bernardo, perguntou: “Mas Bernardo, você
não estava dizendo aí que, graças a Deus, você é hoje em dia um homem
independente”?
Bernardo ia falar. Chegou a abrir a boca,
mas pensou melhor e ficou mudo. Sim, José tinha razão! Qual independência, qual
nada!
“Eu dependo do José para a máquina,
pensava Bernardo. José depende de mim para o sapato. Nós dependemos dos
agricultores para comer; das indústrias que fazem à roupa que vestimos. Enfim,
todos dependem uns dos outros. Não devo um vintém a ninguém, mas dependo de
toda essa gente, muita gente depende de mim!” Ficamos os dois ali conversando
até tarde sobre a descoberta que tinham feito.
Os homens são todos ligados uns aos
outros. E não só os homens, os países também. Um produz borracha; outro,
petróleo, o outro, milho. Uns tem bois, o outro tem curtume. Um tem
bicho-da-seda, o outro tem fábricas.
Essa coisa que liga os homens é a solidariedade.
A solidariedade é a lei da vida.
A paz
é a única forma humana de se viver na Terra.
(Sandra Cavalcanti
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