Jeca Tatu é uma das figuras geradas pelo escritor Monteiro Lobato, muito conhecido por suas
histórias infanto-juvenis, as quais giram em torno dos famosos personagens do Sítio do Picapau Amarelo. Algumas de suas
obras, porém, são de cunho social, de natureza crítica e denunciam questões
como o contexto arcaico do universo rural e o descaso com doenças como o amarelão,
então sério problema de saúde pública.
Este modelo do caipira não idealizado
está presente no livro Urupês, da saga criada
por Lobato para os adultos. Ele revela, em um painel composto por 14
narrativas, a real situação do trabalhador campestre de São Paulo, visão nada
agradável para as autoridades políticas da época e também para a classe dos
intelectuais.
Isto porque Jeca é a imagem do ser
legado ao abandono pelo Estado, à mercê de enfermidades típicas dos países
atrasados, da miséria e do atraso econômico. Condição nada romântica e utópica,
como muitos escritores pretendiam moldar o caboclo brasileiro, nesta mesma
época.
A imagem de Jeca Tatu foi utilizada
inclusive como instrumento em operações de esclarecimento sobre a importância
do saneamento público e a urgência em erradicar doenças como o amarelão, que
matava tantas pessoas nos anos 20. Como afirmava Lobato, “Jeca Tatu não é assim, ele está assim”,
vitimado pelo desprezo de um governo nada preocupado com esta camada social.
Jeca era um caipira de aparência
desleixada, com a barba pouco densa, calcanhares sempre desnudos, portanto
rachados, pois ele detestava calçar sapatos. Miserável, detinha somente algumas
plantações de pouca monta, apenas para sua sobrevivência. Perto de sua
habitação havia um pequeno riacho, no qual ele podia pescar. Sem cultura, ele
não cultivava de forma alguma os necessários hábitos de higiene.
Residente no Vale do Paraíba, em São
Paulo, região muito arcaica, era visto pelas pessoas como preguiçoso e
alcoólatra. A questão da saúde transparece no enredo quando um médico, ao
cruzar o seu caminho, passa diante de sua tosca residência e se assusta com
tanta pobreza. Notando sua coloração amarela e a intensa magreza, decide
examinar o caboclo.
O paciente se queixa de muita fadiga e
dores corporais. O doutor então diagnostica a presença de uma enfermidade
tecnicamente conhecida como ancilostomose, o famoso amarelão. Ele orienta Jeca
a usar sapatos e a tomar os remédios necessários, pois os vermes que provocam
este distúrbio orgânico introduzem-se no corpo através da pele dos pés e das
pernas.
A vida de Jeca muda radicalmente. Ele
se cura, volta a trabalhar, reduz a bebida, sua pequena plantação prospera e o
trabalhador se torna um homem honrado pelas outras pessoas. A família Tatu
agora só anda calçada e, portanto, saudável. É assim que Monteiro Lobato
denuncia a precária situação do trabalhador rural; ele revela que medidas
simples poderiam transformar este cenário sombrio. Este personagem se torna o
símbolo do brasileiro que vive no campo.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jeca_Tatu
http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Educacao/Trabalhos/obichoquemedeu/ancilostomose_jeca_tatu.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jeca_Tatu
http://www.ibb.unesp.br/departamentos/Educacao/Trabalhos/obichoquemedeu/ancilostomose_jeca_tatu.htm
Um comentário:
Muito bom o blog, adorei. Muito interessante!!
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