Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer
sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos
expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o
texto didático, o artigo enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não
está preocupado com a persuasão e sim, com a transmissão
de conhecimento, sendo, portanto, um texto informativo.
Os textos argumentativos, ao contrário, têm
por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de
vista do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, também
persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, temos um texto
dissertativo-argumentativo.
O texto dissertativo argumentativo tem uma estrutura
convencional, formada por três partes essenciais.
Introdução
Que apresenta o assunto e o posicionamento do autor. Ao se
posicionar, o autor formula uma tese ou a ideia principal do texto.
Teatro e escola, em princípio, parecem ser espaços distintos,
que desenvolvem atividades complementares diferentes. Em contraposição ao
ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos seus assuntos pretensamente
"sérios" , o teatro se configura como um espaço de lazer e diversão.
Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia antiga,
veremos que
teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se imagina.(tese)
Desenvolvimento
Formado pelos parágrafos que fundamentam a tese.
Normalmente, em cada parágrafo, é apresentado e desenvolvido um
argumento. Cada um deles pode estabelecer relações de causa e efeito ou
comparações entre situações, épocas e lugares diferentes, pode também se apoiar
em depoimentos ou citações de pessoas especializadas no assunto abordado, em
dados estatísticos, pesquisas, alusões históricas.
O teatro grego apresentava uma função eminentemente
pedagógica. Com
suas tragédias, Sófocles e Eurípides não visavam apenas à diversão da plateia
mas também, e sobretudo, pôr em discussão certos temas que dividiam a opinião
pública naquele momento de transformação da sociedade grega. Poderia um filho
desposar a própria mãe, depois de ter assassinado o pai de forma involuntária
(tema de Édipo Rei)? Poderia uma mãe assassinar os filhos e depois matar-se por
causa de um relacionamento amoroso (tema de Medeia e ainda atual, como comprova
o caso da cruel mãe americana que, há alguns anos, jogou os filhos no lago para
poder namorar livremente)?
Naquela sociedade, que vivia a transição dos valores
místicos, baseados na tradição religiosa, para os valores da polis, isto é, aqueles
resultantes da formação do Estado e suas leis, o teatro cumpria um
papel político e pedagógico, à medida que punha em xeque e em choque
essas duas ordens de valores e apontava novos caminhos para a civilização
grega. "Ir ao teatro", para os gregos, não era apenas uma diversão,
mas uma forma de refletir sobre o destino da própria comunidade em que se
vivia, bem como sobre valores coletivos e individuais.
Deixando de lado as diferenças obviamente existentes em torno
dos gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama), em que o teatro grego,
quanto a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para Bertold Brecht,
por exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a função
do teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças tiveram um papel
essencial pedagógico voltadas para a conscientização de trabalhadores
e para a resistência política na Alemanha nazista dos anos 30 do século XX.
O teatro, ao representar situações de nossa própria vida
- sejam elas engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais, etc. - põe o homem
a nu, diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na instantaneidade e na
fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a cada representação, a
vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o teatro é escola.
É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes a vida real, muito
além dos palcos e dos camarins.
Conclusão
Que geralmente retoma a tese, sintetizando as ideias gerais
do texto ou propondo soluções para o problema discutido. Mais raramente, a
conclusão pode vir na forma de interrogação ou representada por um
elemento-surpresa. No caso da interrogação, ela é meramente retórica e deve já
ter sido respondida pelo texto. O elemento surpresa consiste quase sempre em
uma citação científica, filosófica ou literária, em uma formulação irônica ou
em uma ideia reveladora que surpreenda o leitor e, ao mesmo tempo, dê novos
significados ao texto.
Que o teatro seja uma forma alternativa de ensino e
aprendizagem, é inegável. A escola sempre teve muito a aprender com o teatro, assim
como este, de certa forma, e em linguagem própria, complementa o trabalho de
gerações de educadores, preocupados com a formação plena do ser
humano. (conclusão)
Quisera as aulas também pudessem ter o encanto do
teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o envolvimento da
música, o brilho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração do público.
Vamos ao teatro! (elemento-supresa)
(Teatro e escola: o papel do educador: Ciley Cleto,
professora de Português).
Atenção: a linguagem do texto dissertativo-argumentativo
costuma ser impessoal, objetiva e denotativa. Mais raramente, entretanto, há a combinação da
objetividade com recursos poéticos, como metáforas e alegorias. Predominam
formas verbais no presente do indicativo e emprega-se o padrão culto e formal da língua.
O Parágrafo
Além da estrutura global do texto dissertativo-argumentativo,
é importante conhecer a estrutura de uma de suas unidades básicas: o
parágrafo.
Parágrafo é uma unidade de texto organizada em torno de uma ideia-núcleo,
que é desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser formado por uma
ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos relacionados com a
tese ou ideia principal do texto, geralmente apresentada na introdução.
Embora existam diferentes formas de organização de
parágrafos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros
jornalísticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em três
partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias
(que desenvolvem a ideia-núcleo), a conclusão. Em parágrafos
curtos, é raro haver conclusão.
A seguir, apresentarei a estrutura textual dissertativa, a
partir dos dados do espelho de correção da prova discursiva, seguindo a
orientação do professor Fernando Moura (Nas Linhas e Entrelinhas).
ESTRUTURA TEXTUAL DISSERTATIVA
1. Bases Conceituais
PARTE I - O conteúdo da redação
a) Apresentação Textual
Legibilidade e erro: escreva sempre com letra
legível. Prefira a letra cursiva. A letra de imprensa poderá
ser usada desde que se distinga bem as iniciais maiúsculas e minúsculas. No
caso de erro, risque com um traço simples, o trecho ou o sinal gráfico e
escreva o respectivo substituto.
Atenção: não use parênteses para esse fim.
- Respeito às margens e indicação dos parágrafos;
Para dar início aos parágrafos, o espaço de mais ou menos dois
centímetros é suficiente. Observe as margens esquerda e direita na
folha para o texto definitivo. Não crie outras. Não deixe "buracos" no
texto. Na translineação, obedeça às regras de divisão silábica.
- Limite máximo de linhas;
Além de escrever seu texto em local devido (folha
definitiva), respeite o limite máximo de linhas destinadas a cada parte da
prova, conforme orientação da banca. As linhas que ultrapassarem o limite
máximo serão desconsideradas ou qualquer texto que ultrapassar a extensão
máxima será totalmente desconsiderado.
-Eliminação do candidato;
Seu texto poderá ser desconsiderado nas seguintes situações:
- ultrapassagem do limite
máximo de linhas.
- ausência de texto: quando o candidato não
faz seu texto na FOLHA
PARA O TEXTO DEFINITIVO.
- fuga total ao tema: analise cuidadosamente
a proposta apresentada. Estruture seu texto em conformidade com as orientações
explicitadas no caderno da prova discursiva.
- registros indevidos: anotações do tipo
"fim" , "the end", "O senhor é meu pastor, nada me
faltará" ou recados ao examinador, rubricas e desenhos.
b) Estrutura Textual Dissertativa
Não dê título ao texto, começa na linha 1 da folha
definitiva o seu parágrafo de introdução.
Estrutura clássica do texto dissertativo
b.1) Introdução adequada ao tema / posicionamento
Apresenta a ideia que vai ser discutida, a tese a ser
defendida. Cabe à introdução situar o leitor a respeito da postura ideológica
de quem o redige acerca de determinado assunto. Deve conter a tese e
as generalidades que serão aprofundadas ao longo do
desenvolvimento do texto. O importante é que a sua introdução seja completa
e esteja em consonância com os critérios de paragrafação. Não misture ideias.
b.2) Desenvolvimento
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando
detidamente as ideias e exemplificando de maneira rica e suficiente o
pensamento. Nele, organizamos o pensamento em favor da tese. Cada parágrafo (e
o texto) pode ser organizado de diferentes maneiras:
- Estabelecimento das relações de causa e efeito:
motivos, razões, fundamentos, alicerces, os porquês/ consequências, efeitos,
repercussões, reflexos;
- Estabelecimento de comparações e contrastes:
diferenças e semelhanças entre elementos - de um lado, de outro lado, em
contraste, ao contrário;
- Enumerações e exemplificações: indicação
de fatores, funções ou elementos que esclarecem ou reforçam uma afirmação.
b.3) Fechamento do texto de forma coerente
Retoma ou reafirma todas as ideias apresentadas e discutidas
no desenvolvimento, tomando uma posição acerca do problema, da tese. É também
um momento de expansão, desde que se mantenha uma conexão lógica entre as
ideias.
c) Desenvolvimento do Tema
c.1) Estabelecimento de conexões lógicas entre os
argumentos.
Apresentação dos argumentos de forma
ordenada, com análise detida das ideias e exemplificação de maneira
rica e suficiente do pensamento. Para garantir as devidas conexões
entre períodos, parágrafos e argumentos, empregar os elementos
responsáveis pela coerência e unicidade, tais como operadores de
sequenciação, conectores, pronomes. Procurar garantir a unidade temática.
c.2) Objetividade de argumentação frente ao tema /
posicionamento
O texto precisa ser articulado com base nas informações
essenciais que desenvolverão o tema proposto. Dispensar as ideias excessivas e periféricas.
Planejar previamente a redação definindo antecipadamente o que deve ser feito.
Recorrer ao banco de ideias é um passo importante. Listar as
ideias que lhe vier à cabeça sobre o tema.. Estabelecer a tese que será
defendida. Selecionar cuidadosamente entre as ideias listadas, aquelas que
delimitarão o tema e defenderão o seu posicionamento.
c.3) Estabelecimento de uma progressividade textual em
relação à sequência lógica do pensamento.
O texto deve apresentar coerência sequencial satisfatória.
Quando se proceder à seleção dos argumentos no banco de ideias, deve-se
classificá-los segundo a força para convencer o leitor, partindo
dos menos fortes parta os mais fortes.
Caríssimos, é possível (e bem mais tranquilo) desenvolver um
texto dissertativo a partir da elaboração de esquemas. Por mais simples que
lhes pareça, a redação elaborada a partir de esquema permite-lhes
desenvolver o texto com sequência lógica, de acordo com os critérios
exigidos no comando da questão (número de linhas, por exemplo), atendendo aos
aspectos mencionados no espelho de avaliação. A professora Branca Granatic
oferece-nos a seguinte sugestão de esquema: